Comunicador, assessor e jornalista.
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O nordeste é um exportador de cultura e com “Sideral” o Oscar chegou a ver isso
Tipo de projeto
Texto
Data
Janeiro 2023
Material
O poder da memória foi fundamental na construção do filme
O cinema nordestino tem um espaço dentro do audiovisual brasileiro e nos últimos anos vem ganhando novas proporções, apesar do eixo Rio-São Paulo, por vezes, driblar essa carga cultural que está sempre disposta a marcar gols. Esse cinema ganhou nossas mentes e isso é resultado em diversas premiações ao redor do mundo que dão o reconhecimento merecido.
No entanto, ao falar da cultura nordestina no audiovisual é preciso falar um pouco do passado. A representação da região teve seu apogeu no movimento do Cinema Novo nos anos 60, pelos filmes, Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964), Os Fuzis (Ruy Guerra, 1964) e Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1963), influenciados pela literatura regionalista de 30.
A imagem do nordeste nas telas tinham um caráter histórico e político da época numa visão emergente sob um mundo globalizado e a partir daí, novas releituras eram feitas: discutia-se o multiculturalismo da região, a relação do lugar pequeno e do grande e como tudo isso permeia o imaginário nordestino.
Ressignificar o que é nordeste
Voltando ao tempo presente, é importante exclamar que o Nordeste não é mais aquele filmado no Cinema Novo e nem aquele de lentes amareladas estereotipadas. Não é apenas um só, mas nove estados com diferentes costumes e sotaques. Seguindo essa abordagem que em 2021, “Sideral” de Carlos Segundo, mostrou quais são as verdadeiras histórias.
O curta é uma ficção que se desenvolve no futuro em volta do histórico lançamento do primeiro foguete tripulado brasileiro na base aérea de Natal e como esse evento afeta a vida de Marcos, Marcela e os dois filhos.
O material que entrou na lista de indicados ao Oscar 2023, na categoria de “Melhor curta-metragem live-action” é genuinamente potiguar e trouxe uma visão para academia do que passa pelo poético e real, com elementos estéticos que fazem uma abordagem diferente dos indivíduos daquele lugar e como o cinema nordestino considera o meio sociocultural a partir de um espaço-tempo específico.
“Sideral” mostra o que as pessoas veem e as suas histórias, somente o que elas enxergam, isso envolve infância, memória, conhecimento de mundo, fazendo a obra ser tão interesse e pelos seus detalhes ser “reconhecida” pelo Oscar, maior premiação audiovisual do mundo.
Além disso, é um exemplo de como o cinema é a possibilidade de algo material ir se enraizando e não ser um mero “trabalho”. É como Ariano Suassuna diria, toda arte é universal e global, ganha o mundo por conta de todo esforço posto na arte.
Por isso, o Nordeste aparece como um exportador de cultura que articula imagens no nosso imaginário e que, surpreendentemente, diversos filmes da região acabam encontrando-se inconscientemente nesse universo criado pelos diretores.
Portanto, numa reflexão geral, o fruto desses grandes trabalhos é a riqueza da nossa memória e como cada detalhe pode ser construído uma vivência extraordinária.
Somente Carlos Segundo vê Natal, Ceará-Mirim e Parnamirim da forma que ele vê e somente os personagens de “Sideral” tratam do evento do lançamento do foguete da forma como eles veem. Tudo é questão de perspectiva e deve ser abordado pela narração e produção de sentido.
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O cinema nordestino tem um espaço no audiovisual brasileiro e nos últimos anos vem ganhando novas proporções, apesar do eixo Rio-São Paulo, por vezes, driblar essa carga cultural que está sempre disposta a marcar gols. Esse cinema ganhou nossas mentes e isso é resultado em diversas premiações ao redor do mundo que dão o reconhecimento merecido.
Voltando ao tempo presente, é importante exclamar que o Nordeste não é mais aquele filmado no Cinema Novo e nem aquele de lentes amareladas estereotipadas. Não é apenas um só, mas nove estados com diferentes costumes e sotaques. Seguindo essa abordagem que em 2021, “Sideral” de Carlos Segundo, mostrou quais são as verdadeiras histórias.